ILDA OLIVEIRA - ARTE & COMPANHIA

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MOMENTOS DE POESIA

MOMENTOS DE POESIA




VIMOS CHEGAR AS ANDORINHAS


Vimos chegar as andorinhas


conjugarem-se as estrelas


impacientarem-se os ventos


Agora


esperemos o verão


do teu nascimento tranquilos, preguiçosos


Tão inseparáveis as nossas fomes


Tão emaranhadas as nossas veias


Tão indestrutíveis os nossos sonhos


Espera-te um nome


breve como um beijo


e o reino ilimitado


dos meus braços


Virás


como a luz maior


no solstício de junho.


 


Rosa Lobato de Faria


 


QUIMERA


Eu quis um violino no telhado


e uma arara exótica no banho.


Eu quis uma toalha de brocado


e um pavão real do meu tamanho.


Eu quis todos os cheiros do pecado


e toda a santidade que não tenho.


Eu quis uma pintura aos pés da cama


infinita de azul e perspectiva.


Eu quis ouvir ouvir a história de Mira Burana


na hora da orgia prometida.


Eu quis uma opulência de sultana


e a miséria amarga da mendiga.


Eu quis um vinho feito de medronho


de veneno, de beijos, de suspiros.


Eu quis a morte de viver dum sonho


eu quis a sorte de morrer dum tiro.


Eu quis chorar por ti durante o sono


eu quis ao acordar fugir contigo.


Mas tudo o que é excessivo é muito pouco.


Por isso fiquei só, com o meu corpo.


 


Rosa Lobato de Faria


 


" PALAVRAS "


Com palavras sei dizer


o que nem palavras tem


com palavras digo Lua digo leite e digo mãe.


 


Com palavras digo mais


muito mais alto melhor


digo adeus a quem se vai


digo amor ao meu amor.


 


Com palavras ponho um nome


neste estranho gosto a mar


que já trago há tanto tempo


no meu peito a transbordar.


 


Com palavras sussurradas


ou pintadas num papel


faço festas acarinho


quem não tem nem pão nem mel.


 


Com palavras a galope


no rodar de uma canção


de repente sou cavalo


flor vermelha rio vulcão.


 


Com palavras tenho asas


que me levam a voar


com palavras vou tão longe


quanto o sonho me levar.


 


José Fanha


" A CANÇÃO DA ÁGUA CORRENDO "


 


Água fresca das levadas


Desce o monte às sapatadas


Em sonoras gargalhadas


A brincar Vem correndo e de caminho


 


´ Põe a roda do moinho


A rodar devagarinho Sem parar.


Ao chegar à terra lisa


Já não corre só desliza


 


Deixa-se ir como uma brisa Devagar


. Passa doce e vai contente


E em correr tão lentamente


Faz os barcos faz a gente Navegar.


 


Água boa preguiçosa


Minha amiga rumorosa


Leva mágoas deixa rosas a brilhar.


José Fanha IV


 


 

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